Reflexões Planetárias

Monday, March 07, 2011

Desenvolvimento sutentável e arquitectura bioclimática

Segundo Daly e Townsend, sendo "a economia, em termos físicos um subsistema aberto do ecossistema terrestre" que não cresce, é finito e materialmente fechado, "o termo desenvolvimento sustentável" só faz sentido na economia se for entendido como "desenvolvimento sem crescimento - isto é, um melhoramento qualitativo numa base económica física que se mantem estacionária mediante um fluxo energético-material contido dentro das capacidades de regeneração e assimilação do ecossistema (terrestre)" (1).
É neste sentido da "sustentabilidade" que entendo a conservação de energia, no jogo entre a eficiência energética e a integração das energias renováveis nos edifícios.
A "arquitectura bioclimática" integra-se naturalmente neste contexto que não foi originalmente o seu.
Não devemos esquecer o seu propósito inicial de adaptação a condições climáticas locais de acordo com exigências de saúde e conforto e ao encontro de uma genuina diversidade regional.
Uma corrente esquecida da arquitectura moderna em que alinhava o grupo CIAM encabeçado por Viana de Lima e em que porventura se enraizava a "Iniciativa Necessária" lançada por Keil de Amaral que deu no "Inquérito à arquitectura popular em Portugal"!
É possível que Victor Olgyay tivesse sido tocado então pelo credo funcionalista. Mas, sem cair no determinismo geográfico, não será hoje oportuno procurar conciliar a forma e a função, adentro de um "desenvolvimento sustentável"? Afinal, não é precisamente porque não o fizemos, abusando da "máquina" que estamos hoje na rota da insustentabilidade?

(1) A apologia do desenvolvimento sem crescimento tem na mira o longo prazo e os paises ricos, não os países pobres causticados por grandes carências e desigualdades. Portugal está hoje, porventura, na fronteira entre os ricos e os pobres.
Nestes se justifica o crescimento, mas um crescimento ponderado, muito atento aos constrangimentos sociais e aos impactes ambientais. Um crescimento que se queira necessário e suficiente e não exponencial e ilimitado, rumo ao "desenvolvimento sustentável". Um quadro de exigências acrescidas, para a arquitectura que envolve vultuosos investimentos em bens de longa duração.

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